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Pêra, uva, maçã, salada mista e outros beijos inesquecíveis

Publicado por Rafael Munduruca em

Para celebrar o Dia do Beijo, comemorado anualmente no dia 13 de abril, convidamos três participantes da EternamenteSou para compartilharem as histórias de beijos que marcaram suas vidas. Girvany de Morais (56), Christina Mendes (60) e Solange Piconez (65) toparam o desafio e reviveram momentos cheios de amor e de amizade. São histórias que aquecem o coração e despertam em quem lê com aquela vontade boa de beijar muito. 

Beijo Fraternal

O ano era 2018. Às vésperas das eleições para presidente, que viriam a eleger um candidato que ameaçava a liberdade dos homossexuais, o funcionário público Girvany de Morais estava em Ipatinga, no interior de Minas Gerais, para participar do Coletivo Bill, programa da emissora comunitária TV Caravelas, acompanhado dos amigos Rubem e Vinicius.

Apesar do momento político inspirar medo e preocupação, a união entre os amigos e a celebração de suas sexualidades naquele programa que valorizava a liberdade de ser quem se é, marcou um momento bastante especial: um abraço triplo e um beijo fraterno em que Girvany pode receber todo o afeto de seus amigos. Um amor forte e poderoso no melhor estilo “ninguém solta a mão de ninguém”.

O beijo fraterno entre Rubem, Girvany e Vinícius. (Acervo pessoal/ Girvany de Moraes)

Além desse beijo triplo, Girvany, que é também um grande leitor e escritor, resolveu compartilhar com o Blog da EternamenteSou uma de suas breves e intensas ficções. Confira a seguir:

CENÁRIO 

Ele chegou desconfiado, me cumprimentou com a timidez que lhe é peculiar. Pedi que entrasse, e quando entrou discretamente beijou meu rosto. Assentou. Tirou da mochila uma caixa de bombom embrulhada com papel presente,  me deu, agradeci, ofereci um a ele, comeu com bom gosto.
Por um tempo falamos de amenidades, e de coisas que nos preocupam no dia a dia. Ofereci cerveja, aceitou. Depois de alguns copos ficou mais tranquilo e confessional.
Coloquei no toca discos uma música que era do seu gosto, percebi que ficou sensibilizado e me convidou para dançar, claro aceitei. Envolvidos pela dança, nos beijamos, estremeci, tiramos a roupa, lambemos, mordemos, e tocamos nossos corpos, fizemos amor ali mesmo na sala, tal era a nossa volúpia.
Exaustos, ficamos em silêncio, me fez cafuné, acendeu um cigarro e ficou olhando para o nada,  outra vez me deu um beijo leve na boca, foi embora, deixando o cheiro de perfume  vagabundo. Ninguém faz amor como ele! Saudade.

Selando a amizade 

A educadora física, terapeuta e coaching de vida Christina Mendes, que atua como voluntária na ONG EternamenteSOU, contou uma história cheia de muito amor e cumplicidade. Compartilhou um beijo trocado com um parceiro e amigo que conhece há mais de 20 anos. Trata-se do cabeleireiro Juliano Marques, de Bragança Paulista, com quem se encontra semanalmente.

Num dos muitos encontros, sabendo que Chris é apaixonada por café, Ju ofereceu a bebida a amiga que prontamente respondeu: “Café e beijo, a gente não nega!”. Juliano buscou a bebida e entregou juntamente com um gostoso beijo no rosto. “Aqui está o seu café e o seu beijo”, disse ele. Segundo Chris, o beijo e o café foram tão gostosos que selaram um momento diferente entre eles, uma certa irmandade. 

Ela conta que apesar dos muitos anos de convivência, a amizade nunca tinha sido muito aprofundada e eles nunca haviam demonstrado esse carinho e amor incondicional. “Já era uma coisa de coração, mas passou a ser uma relação de coração e alma”, conta. Depois desse episódio eles passaram a se identificar muito e a compartilhar até planos para o futuro. Um futuro não tão distante, se tudo der certo. Assim que a pandemia acabar eles pretendem sair, vir para São Paulo, dançar e fazer muitas viagens juntos. 

Christina e Juliano compartilhando café e beijo. (Acervo pessoal/ Christina Mendes)

Na ocasião da elaboração deste post, Chris foi visitar o amigo e propôs reproduzir o registro daquele momento singular. O beijo teve que ser um pouquinho distante, mas não menos afetuoso, por conta dos protocolos de segurança necessários em razão da pandemia de COVID-19.

O primeiro de muitos

Solange Piconez é nascida e criada no bairro do Ipiranga, em São Paulo, mas desde 1978 vive à beira mar, em São Vicente, na baixada Santista. A mudança marcou a ruptura de um relacionamento de cinco anos, vivido ao lado de Regininha. E foi a história do primeiro beijo das duas que Solange escolheu compartilhar. Segundo ela, essa é uma história engraçada de um beijo que levou um bom tempo para acontecer. 

Num domingo ensolarado em meados da década de 1970, Solange, Regininha e mais duas amigas foram aproveitar a tarde às margens da Represa Billings. Ela conta que esse era um passeio muito comum entre as jovens paulistanas da época, que frequentavam também o Parque do Ibirapuera, tomavam café no Aeroporto de Congonhas e fechavam à noite no Ferro’s Bar. Elas já vinham conversando há algum tempo e tinham marcado uns quatro ou cinco encontros no Ferro’s Bar, onde compartilharam algumas pizzas e cervejas e foram desenvolvendo um certo encantamento. Mas nada de beijar. E  foi naquela tarde de domingo, olhando para Regininha, que ela se apaixonou. 

Naquela tarde Solange usava um shorts curto e nem se atentou para o protetor solar. Chegando na represa, Regininha deitou-se para tomar sol, apoiou a cabeça em suas pernas e adormeceu. Solange ficou ali admirando a beleza da jovem e acariciando seus cabelos. Conforme os minutos iam passando e o sol ia baixando ela foi enlouquecendo de vontade de beijá-la. Mas não beijou. Quando Regininha despertou, elas se levantaram e as amigas começaram a rir ao perceber que o sol havia estampado a silhueta da cabeça de Regininha na coxa de Solange, deixando uma marca branca e afetuosa. 

Solange Piconez em frente a casa em que morava no bairro do Ipiranga, em São Paulo, na década de 1970. (Acervo Pessoal/ Solange Piconez)

Ao retornar para o Ipiranga foram para o sobrado onde uma das amigas vivia, tomaram banho e começaram a se arrumar para retornar para suas casas. No meio da arrumação Solange e Regininha se trombaram embaixo das escadas enquanto pegavam suas mochilas. Os olhares se cruzaram e se corresponderam. E quando deram por si, os lábios já completavam o encontro. Foi depois desse beijo marcante que elas começaram a namorar. 

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Agora é a sua vez de contar se é namoro ou amizade. Quais foram os beijos que deixaram um gostinho de quero mais? Compartilhe seu relato e sua foto no Instagram e marque o perfil da Eternamente Sou (@eternamente.sou) para que possamos conhecer suas histórias.


Rafael Munduruca

Profissional de Produção Cultural e Comunicação com extensa experiência em comunicação digital, projetos e arte e educação com foco em educação não formal. Voluntário em preservação e difusão da memória LGBTI+.

4 comentários

Girvany Aparecido de Moeais · 13 de abril de 2021 às 12:08

As matérias ficaram ótimas. Obrigado pela força.

Maria Manoela Ferreira · 13 de abril de 2021 às 19:58

Sou apaixonada por vinhos e amigos. Adoro uma boa conversa regada aos risos e músicas. Quando leio algo que encanta vou aos meus rabiscos e viajo na minha imaginação.
Deus permita que TODOS possam sempre ter boas recordações e lembranças. Amei os relatos acima. Gratidão 😍.

Vera Santos · 13 de abril de 2021 às 21:08

Torcendo pra que essa porcaria de pandemia acabe logo, pois sinto falta de abraços e beijos ardentes !🤣🤣🤣🤣🤣🤣🤣🤣

Curso De Cabeleireira · 21 de novembro de 2021 às 00:57

Sou a Carla Da Silva, gostei muito do seu artigo tem muito
conteúdo de valor, parabéns nota 10.

Visite meu site lá tem muito conteúdo, que vai lhe ajudar.

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