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Drag Queens: distintas gerações nas artes performáticas de resistência

Publicado por Mattheus Goto em

Em parceria com a APOLGBT (Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo), a ONG EternamenteSou participou do 17° Ciclo de Debates em uma mesa para debater sobre as distintas gerações de drag queens.

EternamenteSou

Com o propósito de abordar os olhares sobre as artes performáticas de resistência ao longo da história, o encontro reuniu três artistas: Miss Biá, Tchaka e Dora Escher. Cada uma pertence a uma geração e vivenciou realidades diferentes, o que foi abordado no evento.

Para Miss Biá, com quase 60 anos de carreira, foi necessário enfrentar desafios nos anos 60 e 70 e até mesmo abdicar da atuação profissional durante o período da ditadura militar (1964-1985). Assim, através da performance e, muitas vezes, do humor, sua geração conseguiu abrir e trilhar o caminho para as sucessoras, com um papel social importante no processo de questionamento, de paródia crítica e de desconstrução da hétero-cis-normatividade.

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Como fruto da luta, drag passou a fazer parte da cultura da comunidade LGBTI+ e a ser uma arte bem mais aceita, o que pode ser visto no discurso da novata Dora Escher, enquanto Tchaka pertence a uma geração intermediária desses dois mundos.

A mesa foi mediada pelo antropólogo Carlos Eduardo Henning, que já pesquisou sobre a arte performática ao longo de seu mestrado na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). “Foi surpreendente ouvir as considerações das três sobre a noite e a indústria do entretenimento da comunidade LGBTI+”, afirma.

Segundo o antropólogo, uma análise interessante a ser levada do evento é que, além das diferenças entre a realidade de cada uma, existem elementos que as aproximam. Na palestra, Miss Biá contou que se identifica como transformista, termo utilizado em sua época. Foi só nos anos recentes que a categoria “drag queen” surgiu com maior proeminência, assemelhando-se ao estilo de Tchaka.

No entanto, Dora Escher revelou que se sente mais próxima da arte do transformismo do que a arte drag da Tchaka. Ou seja, não são apenas as diferenças que podem ser reconhecidas, mas também as proximidades entre elas.

O encontro enriquecedor chegou ao fim com uma rodada de perguntas, na qual surgiu a questão relacionada às expressividades de resistência através das artes performáticas em tempos tenebrosos e preconceituosos, como o vivido atualmente no cenário político. Em resposta, as três artistas conseguiram mostrar otimismo e coragem para lutar. “É possível prosseguir, lutar, existir e resistir no Brasil contemporâneo”, finaliza Henning.


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